Arcadismo: características e autores

Arcadismo: características e autores

Conheça o Arcadismo, um movimento literário do século XVIII que esteve presente no Brasil e muito influente em Minas Gerais!

O arcadismo é uma forma de produzir arte. Mas o que é arte? Arte é a expressão de sentimentos e ideias humanas que se manifestam por meio de pinturas, esculturas, músicas, gestos corporais, literatura, entre outros. 

Assim, durante a história da humanidade, o conceito artístico muda e se adapta ao período histórico em que se encaixa. Dessa forma, as obras artísticas são classificadas segundo a época em que foram produzidas. 

O arcadismo é um movimento artístico literário que prevaleceu no século XVIII – século das luzes, que sofreu influência da cultura grega, latina e renascentista. Neste artigo do Estratégia Vestibulares, conheça as principais características do Arcadismo. Acompanhe!

O que é Arcadismo?

Anos depois da Revolução Francesa, surgiu o Arcadismo, também conhecido por Setecentismo ou Neoclassicismo. Simultaneamente à independência dos Estados Unidos e a Inconfidência Mineira, esse movimento resulta do fortalecimento da burguesia, devido à Revolução Industrial, de oposição ao barroco e às frivolidades. 

Características do Arcadismo

O Arcadismo foi um movimento que focou na comparação entre o ambiente urbano e rural. Nesse sentido, os escritores e artistas elevavam o equilíbrio, sobriedade, harmonia e simplicidade do campo ー criando um ambiente bucólico. 

O bucolismo ー valorização do cotidiano campestre ー permitiu a construção de uma evasão e aversão ao urbano. Assim, o pastoralismo rural e o ambiente natural eram tidos como sinônimos de paz.

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Outro ponto muito trabalhado pelos arcadistas é a efemeridade da vida, que mostra a vida como uma passagem rápida e fugaz. Desse modo, construiu-se a imagem do bom pastor: aquele que, junto a natureza, desenvolve virtudes essenciais à rápida existência.

No contexto religioso, os neoclássicos utilizavama mitologia grega como base de seu pensamento ー era uma arte “anticristã”, opondo-se, mais uma vez, ao barroco. 

Na questão da linguagem, os poetas árcades focaram no uso de pseudônimos ー muitas vezes criando o eu lírico com nomes de pastores da Arcádia (monte situado na Grécia). Além disso, os setecentistas gostavam de usar expressões latinas. A seguir, conheça alguns termos:

  • Fugere Urbem: Fuga urbana;
  • Locus Amoenus: Lugar ameno (representa o campo e a natureza);
  • Aurea Mediocritas: Simplicidade dourada (exaltando o valor do simples);
  • Carpe Diem: Aproveitar o dia e o presente; e
  • Inutilia Truncat: Cortar aquilo que é inútil, sem valor moral ー oposição ao barroco e à nobreza.

Autores do Arcadismo Brasileiro

No Brasil, o neoclassicismo eclodiu junto à Inconfidência Mineira. Os principais nomes da poesia arcadista brasileira são Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.

Cláudio Manuel da Costa

Conhecido como “o Guardador de Rebanhos”, o poeta era advogado, jurista e foi um dos Inconfidentes de Minas. Nasceu em Minas Gerais, mas morou em Portugal em busca de  conhecimento acadêmico. Após retornar da Europa, o autor se alocou em Vila Rica e trouxe os princípios arcadistas para o Brasil. 

A poesia de Cláudio Manuel da Costa apresenta traços do barro e focava na exaltação do ambiente campesino, com aversão às cidades e vilas ー tratadas como sinônimo da mentira e traição. Frequentemente, o poeta utilizou a descrição da natureza calma e perfeita ー locus amoenus. Além disso, eram retratadas a flauta dos pastores gregos e muitas referências mitológicas.

Suas obras podem ser marcadas pelas seguintes características: pastoralismo, antropocentrismo, buscolismo, e amor e mulher idealizados.

Leia abaixo um poema do autor e atente-se à análise apresentada:

Soneto VII
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
Uma fonte aqui  houve;
eu  não  me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores  aqui vi tão florescentes
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera.
(COSTA, C.M. Poemas. Disponível em  www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 22 fev  2021)









Neste poema, Cláudio Manuel exalta a natureza e a vida pastoril ao relacionar  o ambiente aos seus próprios sentimentos, o que demonstra mudanças tanto no campo como em si mesmo.

Tomás Antônio Gonzaga

Poeta conhecido como Dirceu, Tomás A. é famoso por trazer muitos elementos mitológicos para suas composições. Um de seus poemas mais conhecidos é “Marília de Dirceu”, no qual o eu lírico manifesta amor pela figura feminina valorizando a simplicidade do campo, a importância do momento presente e a natureza amena. Assim, nota-se um padrão de aurea mediocritas, carpe diem e locus amoenus.

Outro texto muito famoso de Tomás Antônio Gonzaga, remete ao seu envolvimento com a Inconfidência Mineira. Em Cartas Chilenas, o eu lírico critica as políticas “chilenas” ー a figura do político Fanfarrão Minésio. Entretanto, após uma leitura mais atenta percebe-se que, na verdade, o livro esconde o teor crítico a Luís da Cunha Meneses, governador mineiro e, por isso, surge a ironia do nome “Minésio”. 

De toda forma, a obra de Tomás Antônio Gonzaga é rica e confere a ele o título de grande influência no arcadismo brasileiro.

Confira a seguir um trecho de sua principal obra, Marília de Dirceu ー parte I da Lira XIV:

Ornemos nossas testas com as flores
e façamos de feno um brando leito;
prendamo-nos, Marília, em laço estreito
gozemos do prazer de sãos Amores.
Sobre as nossas cabeças,
sem que o possam deter, o tempo corre;
e para nós o tempo, que se passa,
também, Marília, morre.

Nesse poema, é notável a presença do locus amoenus e do aurea mediocritas ー o feno, simples objeto da natureza, é retratado como um leito natural e  brando. Além disso, o substantivo “amores” grafado com letras maiúsculas representa a influência da mitologia grega. O fim do trecho mostra uma reflexão sobre a efemeridade da vida, apontando o carpe diem. 

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