Urbanização no Brasil: o processo de expansão urbana no país

Urbanização no Brasil: o processo de expansão urbana no país

Considerando que uma cidade concentra mais mão de obra, inicialmente, as fábricas se instalaram nas zonas urbanas para contratar trabalhadores. Logo, quanto mais industrialização, mais urbanização.

No Brasil, o processo acelerado de expansão urbana ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, uma vez que a importação de produtos industrializados estava muito difícil, forçando o nosso país a fabricar diferentes itens.

Consequentemente, a fundação e o crescimento das cidades aumentaram. Segundo Santos (2013), a urbanização brasileira pode ser dividida em 3 fases:

Figura 02 – Evolução da Malha Municipal
O mapa da esquerda é de 1940: 1.574 municípios / O mapa da direita é de 2015: 5.568 municípios Fonte: IBGE

Agrário Exportador (Ciclos Econômicos)

A sociedade rural e escravocrata do Nordeste se opõe a sociedade urbana, de pouca expressão nessa época. São os burgueses de Recife, Olinda e Salvador. As cidades litorâneas não têm o brilho e a importância dos engenhos.

Nelas, os mercadores vivem da exportação do açúcar e do comércio. Parasitam a lavoura, por isso, são antagônicos o meio rural e o urbano.

A administração holandesa se preocupou em reter na colônia parte das rendas fiscais proporcionadas pelo açúcar, o que permitiu um desenvolvimento mais intenso da vida urbana.

Os centros urbanos que se desenvolveram em áreas especializadas na cultura da cana foram, no Brasil, os pontos que se tornaram os mais desenvolvidos. Em 1560, Portugal ganhava ascendência no comércio europeu com a cana, incentivando a expansão das fábricas em sua colônia.

Além de servir para o abastecimento da população, a atividade pecuarista também consolidou um próspero comércio de equinos e muares usados para o transporte de pessoas e mercadorias.

Geralmente eram organizadas feiras em alguns centros urbanos do interior, nos quais esses animais eram negociados. A economia do ouro gerou muitos centros urbanos. A sociedade mineira se constituía também de negociantes, advogados, padres, fazendeiros, artesãos, burocratas, militares etc.

Muitos desses agentes tinham seus interesses estritamente vinculados à colônia e, não por acaso, ocorreu em Minas Gerais uma série de conspirações e revoltas contra autoridades coloniais.

A grande distância existente entre a região mineira e os portos contribuía para encarecer relativamente os artigos importados. Uns poucos decênios foram suficientes para que se desarticulasse toda a economia da mineração.

Isso fez com que os núcleos urbanos diminuíssem e grande parte de seus habitantes fossem dispersados por uma vasta região na qual era difícil a comunicação.

Assim, esses pequenos grupos forma isolados uns dos outros e passaram a viver em uma economia de subsistência. O aumento da produção da borracha, baseada no extrativismo amplia a área ocupada gerando a necessidade de novos núcleos urbanos, assim como aqueles já existentes são revigorados.

Esse processo intensifica as relações entre os núcleos de povoamento resultantes da circulação mais intensa de mercadorias que transitavam pela densa rede fluvial amazônica.

A consequente concentração de poder político refletiu no investimento de obras de melhoramentos urbanos nas cidades de Manaus e Belém, tanto por parte do Estado quanto de capitais privados.

Graças aos capitais advindos dessa cultura foram implantadas empresas, indústrias, ferrovias e, telégrafos, o que transformou os grandes centros naquilo que são hoje.

A cultura do café ocupou vales e montanhas, possibilitando o surgimento de cidades e a dinamização de importantes centros urbanos por todo o interior do estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná.

Ferrovias foram construídas para permitir o escoamento da produção, substituindo o transporte animal e impulsionando o comércio inter-regional de outras importantes mercadorias.

O café trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a expansão da classe média, a diversificação de investimentos e até mesmo intensificou movimentos culturais.

Urbano-Industrial (Meio Técnico-Científico)

Em 1850, com o fim do tráfico negreiro, os capitais que eram aplicados na compra de escravos ficaram disponíveis e foram aplicados no setor industrial.

No mesmo período, a II Revolução Industrial, por meio do uso da eletricidade e do petróleo, fez com que os produtos fossem fabricados de maneira muito mais rápida e em quantidades maiores.

Dessa forma, não era mais interessante continuar com o regime escravocrata, uma vez que as nações que participaram da II RI, especialmente a Inglaterra, precisavam vender os seus produtos.

Ou seja, como o escravo não recebia salário, seria mais rentável utilizar mão de obra assalariada, uma vez que esses novos trabalhadores iriam começar a consumir os fabricos.

No Brasil, inicialmente, os imigrantes vieram para trabalhar na lavoura, especialmente de café. Porém, ao longo do tempo, eles começaram a fundar indústrias, uma vez que trouxeram o conhecimento fabril da Europa.

Assim, portugueses, italianos, alemães etc. contribuíram com a industrialização e com a organização de um mercado de trabalho assalariado, consequentemente, com a urbanização.

Após a II Guerra Mundial, a substituição de importações fez com que a produção interna aumentasse. Assim, o consumo interno de bens manufaturados foi maximizado.

Ademais, o Estado investiu em infraestrutura de energia e de transporte para implantar fábricas. Logo, a eletricidade e as vias de acesso contribuíram para a fundação de cidades ou para expansão delas. Além disso, as rodovias permitiram a instalação de indústrias automotivas.

A construção e expansão das estradas de rodagem e a criação de um moderno sistema de telecomunicações possibilitaram maior fluidez no território, além de permitir a unificação do mercado em escala nacional.

Com os avanços nos transportes e nas comunicações, ocorreu a diversificação da produção industrial, a qual acelerou a urbanização e modernizou o campo.

A atividade industrial concentra-se na Região Sudeste, sobretudo no estado de São Paulo, cuja capital se tornou o maior centro fabril do país. Cresce o consumo de bens materiais e imateriais como educação e, saúde, o qual transformou as funções urbanas.

Entretanto, a partir da década de 1970, a Região Metropolitana de São Paulo começou a apresentar uma relativa desconcentração industrial por causa do elevado preço do terreno, imóvel e aluguel, além da dificuldade em ampliar as fábricas, dificuldade em escoar a produção, alto custo do sistema de transporte e existência de incentivos fiscais em outras cidades.

Figura 03 – Brasil: porcentagem da população rural e urbana ao longo do tempo

Urbano-Mundial (Meio Técnico-Científico-Informacional)

Globalização, informação e finanças passam a distinguir os lugares segundo a sua presença ou escassez. Agravam-se as diferenças regionais e aumenta a importância da região concentrada com a hegemonia paulista, mas ocorre, ainda, a ocupação das áreas periféricas com a produção moderna.

Persistem os velhos e graves problemas brasileiros: Sociais, Econômicos e Políticos, produzidos e reproduzidos na organização espacial. Cada centro urbano passa a fazer parte de várias redes, nas quais desempenham múltiplos papéis, em grande parte associados às grandes corporações, organizadas sob a forma de redes.

Então, a urbanização ocorre devido à implantação de multinacionais no território. Essa fase agravou a macrocefalia urbana, haja vista que a urbanização atraiu enormes contingentes populacionais (êxodo rural e migrações regionais).

A indústria não foi capaz de absorver toda essa mão de obra excedente, ocorrendo o empobrecimento e queda da qualidade de vida de grande parte da população nas grandes cidades – inchaço das periferias urbanas.

Com base no que foi exposto, a urbanização depende do nível de centralidade que uma região pode oferecer.

No Sudeste, a população urbana ultrapassou a rural já na década de 1950, uma vez que a industrialização era e ainda é a mais expressiva.

No Centro-Oeste, a urbanização foi impulsionada pela fundação de Brasília, construção de modais (especialmente rodovias e ferrovias) e pela ocupação do espaço rural por grandes empresas nacionais e internacionais. Desde o fim da década de 1960 já era a segunda região mais urbanizada do país.

A Região Sul teve uma urbanização mais lenta até o início da década de 1970, pois os imigrantes davam preferência à policultura e uma vida mais rural. Todavia, com o tempo, a mecanização dominou essas áreas.

No Nordeste, a urbanização foi relativamente lenta. A baixa capitalização e produtividade do setor agrícola limitou a repulsão da população rural, enquanto o insuficiente desenvolvimento do mercado regional reduziu a atração exercida pelas cidades.

Vale lembrar que o êxodo rural nordestino ocorreu para SP, RJ e MG. No Norte, a elevada participação da população urbana até o fim da década de 1960 refletia a reduzida população total da região, bastante concentrada nas cidades de Belém e Manaus.

Esse quadro tem sido alterado pela agropecuária na Amazônia.

Figura 04 – Brasil: porcentagem da população que vive em área urbana em 2015
Fonte: IBGE
Figura 05 – Brasil: população urbana nos estados
Fonte: IBGE

Nessa Figura 05 o estado do Amapá chama atenção devido ao elevado número de pessoas que moram na zona urbana. Nesse caso, isso pode ser explicado pelo fato de o número populacional ser muito baixo, cerca de 700 mil habitantes e pelo fato de mais de 50% dessa população morar na capital (Macapá).

É isso, pessoal! Sigam-me nas redes sociais. Têm muitas dicas lá. Mande uma mensagem, caso tenha tido alguma dúvida. Abraços!

Instagram: @prof.sauloteruotakami

CURSOS PARA VESTIBULARES

Você pode gostar também