Prova UNIFESP 2020 – Biologia – Resolução Comentada

Prova UNIFESP 2020 – Biologia – Resolução Comentada

As questões de Biologia da UNIFESP ocorrem no segundo dia de prova, sendo todas discursivas, assim como as questões das demais áreas do conhecimento.

A prova da UNIFESP 2020 contou com cinco questões de Biologia: uma de Ecologia, duas de Biologia Molecular, uma de Fisiologia Vegetal e uma de Fisiologia Animal.  Não foi uma prova difícil, foi uma prova gostosa de fazer.

Abaixo, segue a resolução das questões de Biologia da prova. ?

Prova UNIFESP 2020 – Biologia

Questão 01

As águas cristalinas do Caribe foram manchadas por uma invasão de sargaço, algas marrons que formam grandes ilhas flutuantes consideradas ecossistemas, onde se alimentam peixes, caranguejos e aves. O principal fator que contribui para a formação dessas ilhas de sargaço é a produção agrícola, com o uso de fertilizantes na região do Rio Amazonas. Os fertilizantes são arrastados pelas chuvas para o rio e chegam ao Oceano Atlântico. Em junho de 2018 a biomassa de sargaço atingiu mais de 20 milhões de toneladas.

(“Agricultura na Amazônia ‘alimenta’ formação de mancha gigante de algas marrons. https://oglobo.globo.com, 03.08.2019. Adaptado.)

a) Como é denominado o fenômeno decorrente do lançamento de fertilizantes no Oceano Atlântico, que contribui para a formação das ilhas de sargaço? Considere que em uma ilha de sargaço se alimentam uma espécie de peixe e uma espécie de ave. Esquematize uma pirâmide ecológica de biomassa que represente essa cadeia alimentar, indicando nessa pirâmide os organismos que a compõem.

b) A qual tipo de produtividade primária correspondem as 20 milhões de toneladas de biomassa de sargaço? Justifique sua resposta.

Gabarito

a) O fenômeno é denominado eutrofização, que é caracterizado pelo aumento de nutrientes na água, o que promove a formação das ilhas de sargaço.

A pirâmide de biomassa que representa essa cadeia alimentar é:

b) A produtividade primária a que se refere as 20 milhões de toneladas de biomassa é a produtividade primária líquida (PPL), que corresponde à produtividade primária bruta (PPB) menos a taxa respiratória.

Questão 02

       Em células-tronco embrionárias (CTEs), o potencial de pluripotência pode variar entre as células oriundas de um mesmo embrião. À medida que o embrião se desenvolve, as células-tronco alteram a quantidade de determinados microRNAs, pequenas moléculas de RNA que apresentam uma sequência de nucleotídeos complementar à de um RNA mensageiro. Os microRNAs degradam ou impedem a tradução dos RNAs mensageiros a que se associam e, dessa forma, contribuem para a manutenção da pluripotência das CTEs.

       O entendimento desses mecanismos de regulação da pluripotência pode auxiliar as pesquisas com as CTEs e também com as células-tronco pluripotentes induzidas (iPS), obtidas a partir de células adultas de pacientes, modificadas em laboratório.

(“Novos mecanismos que regulam a pluripotência em células-tronco embrionárias são desvendados”. www.portaldaenfermagem.com.br, 18.08.2019. Adaptado.)

a) Qual é a sequência de bases nitrogenadas no microRNA que se liga à sequência de bases CAGU de um RNA mensageiro? Cite outra molécula de RNA que pode se ligar ao RNA mensageiro.

b) No que consiste a pluripotência das CTEs? Qual a vantagem do uso de células iPS na formação de tecidos para transplantes?

Gabarito

a) A sequência de bases do microRNA complementar à sequência  CAGU do RNA mensageiro é GUCA. Outra molécula de RNA capaz de se ligar ao RNA mensageiro á o RNA transportador.

b) A pluripotência das CTEs se refere à capacidade que essas células têm de originarem muitos outros tipos celulares, cerca de 200 deles. A vantagem em se utilizar células iPS para formação de tecidos para transplantes é justamente a sua capacidade de originar células dos mais variados tipos, como as células que constituem o tecido de interesse para o transplante.

Questão 03

       Dois ecólogos viram um toco de árvore que, à primeira vista, parecia estar morto, porém, notaram que ele estava vivo. Intrigados, os cientistas instalaram no toco e em uma árvore ao lado instrumentos para medir o fluxo de água.

       Os resultados mostraram que o funcionamento das duas plantas estava intimamente interligado. Nos dias de sol, a árvore absorvia água do solo, enquanto o toco permanecia dormente. À noite, era o toco que se hidratava, e a árvore não absorvia mais água. Ao que tudo indica, a fusão de várias raízes criou um verdadeiro sistema de encanamento compartilhado no solo daquela floresta.

(A. J. Oliveira. “O toco de árvore que se recusa a morrer”. https://super.abril.com.br, 29.07.2019. Adaptado.)

a) Durante a noite, como se apresentavam os ostíolos dos estômatos nas folhas da árvore? Qual a consequência desse comportamento dos ostíolos em relação ao fluxo de dióxido de carbono da atmosfera para o mesófilo?

b) Em qual tecido vegetal os ecólogos mediram o fluxo de água presente no toco e na árvore? Por que somente a hidratação não justifica o toco estar vivo?

Gabarito

a) Durante a noite os ostíolos se apresentavam fechados, impedido a transpiração, já que a absorção de água não estava ocorrendo. Uma vez que os ostíolos estavam fechados, o fluxo de dióxido de carbono da atmosfera para o mesófilo estava interrompido.

b) Os ecólogos mediram o fluxo de água no tecido vascular chamado de xilema ou lenho. Somente a hidratação não nos permite afirmar que o toco está vivo, pois não havendo galhos e folhas, a planta não está realizando fotossíntese nem se reproduzindo.

Questão 04

Pesquisadores conseguiram fazer com que macacos que sofriam de paralisia em uma das pernas, devido a lesões na espinha, pudessem retomar o movimento com o uso de um dispositivo wireless implantado no cérebro. Os macacos tiveram chips implantados nas partes do cérebro que controlam o movimento. Os chips detectam os impulsos elétricos com as instruções para mexer a perna e enviam os dados para um computador sobre a cabeça dos macacos. O computador decifra as mensagens e envia as instruções em modo wireless para receptores, adaptados à coluna, que estimulam os nervos correspondentes por meio de sinais elétricos. A transferência de informações em modo wireless ocorre sempre em um único sentido.

a) Que células interagem com os chips implantados no cérebro dos macacos? Como se denominam os nervos que conectam a medula espinhal às células musculares que movimentam a perna dos macacos?

b) Ao espetar com um alfinete a perna que sofre paralisia, há reação de afastamento repentino da perna, porém os macacos não sentem que foram espetados. Qual o papel da medula espinhal nesse afastamento repentino? Por que a transferência de informações em modo wireless não permite que os macacos sintam que essa perna foi espetada pelo alfinete?

Gabarito

a) As células que interagem com os chips são os neurônios. Os nervos que conectam a medula espinhal aos músculos são os nervos motores ou eferentes.

b)  O movimento involuntário da perna se denomina arco reflexo. Para que ele ocorra, a medula espinhal recebe o sinal do neurônio sensitivo e, através de seus neurônio associativos, transfere a informação aos neurônios motores.

A transferência de informação em modo wireless ocorre do cérebro para o músculo da perna, é motora. Assim, não permite que os macacos sintam a espetada porque a via que foi lesionada é sensorial, isto é, a informação da perna não chega ao cérebro.

Questão 05

       A Klebsiella pneumoniae é uma bactéria oportunista de um grupo que está entre os microrganismos que mais causam infecções hospitalares e que mais têm desenvolvido resistência a antibióticos nos últimos anos. Outro microrganismo desse grupo é a Klebsiella pneumoniae carbapenemase, uma superbactéria.

       Pesquisadores analisaram K. pneumoniae presentes na urina de 48 pessoas diagnosticadas com infecção urinária. Em duas pessoas as bactérias apresentaram um fenótipo de virulência, conhecido como hipermucoviscosidade, em que as bactérias produzem grande quantidade de um biofilme espesso e viscoso, que adere as bactérias ao epitélio da bexiga e as protegem, tornando dificílima sua eliminação.

(Karina Toledo. “Bactérias multirresistentes são identificadas fora de ambiente hospitalar”. http://agencia.fapesp.br,

 21.08.2019. Adaptado.)

a) A qual gênero pertence a superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase? Cite uma característica exclusiva das bactérias que as integra ao Reino Monera.

b) O que é uma bactéria oportunista? Do ponto de vista evolutivo e devido ao tratamento com antibióticos, como o fenótipo hipermucoviscosidade pode se tornar predominante ao longo do tempo?

Gabarito

a) O gênero da superbactéria é Klebsiella. Uma característica exclusiva de bactérias que as integra ao Reino Monera é o tipo celular procarionte.

b) Uma bactéria oportunista é aquela que se aproveita do estado debilitado de um organismmo para se instalar e se multiplicar. Devido à proteção contra antibióticos que a hipermucoviscosidade promove, aumentando a sobrevivência das bactérias que a apresenta, ocorre a seleção dessa característica, uma vez que as bactérias sobreviventes se reproduzião e transmitirão o gene responsável por ela aos descendentes. Dessa forma, o fenótipo hipermucoviscosidade vai se tornando predominante na população.

Pronto, essa foi a resolução da prova de Biologia da UNIFESP 2020. Qualquer dúvida entre em contato comigo através do Fórum de Dúvidas ou das redes sociais. Terei o maior prazer em lhe ajudar!

Você pode baixar essa resolução em PDF gratuitamente. Deixe o arquivo para download a seguir.

Abraço,

Professora Carol Negrin.

Instagram: @carolnegrin

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