A Primavera Árabe: o que é, causas e consequências

A Primavera Árabe: o que é, causas e consequências

Em 2021, comemora-se o aniversário do movimento que abalou as estruturas do Oriente Médio: a Primavera Árabe. As convulsões sociais, que completam 10 anos, trouxeram consequências ainda visíveis aos países envolvidos nesse movimento. 

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O que é Primavera Árabe?

A Primavera Árabe trata-se do nome dado à onda de manifestações, revoltas e protestos populares que tomaram vários países do Oriente Médio e do Norte da África, a partir do fim de 2010 e ao longo do ano de 2011. 

O movimento foi responsável pela queda de várias tiranias e pela introdução de modelos democráticos de governo em alguns países do mundo árabe. No entanto, nem tudo são flores. A crise humanitária e a violência decorrente dos conflitos ainda podem ser encontradas na região. 

Causas da Primavera Árabe

De modo geral, as reivindicações populares são voltadas para a melhora da qualidade de vida e pela liberdade de expressão. As revoltas foram motivadas principalmente pela corrupção dos governos autoritários da região, pelas altas taxas de desemprego e pela falta de democracia

A maioria dos governos nos países da Primavera Árabe eram regimes ditatoriais, em que o poder e a riqueza ficam concentrados nas mãos de uma única família. Diante da crise econômica e da repressão, a população precisava apenas de um estopim para entrar em ebulição. 

A faísca foi o suicídio do jovem Mohammed Bouazizi, que ateou fogo no próprio corpo após ser agredido e ter os produtos de sua banca de frutas confiscados pela polícia local corrupta. 

Primavera Árabe e as redes sociais

A morte do rapaz de origem humilde poderia ter sido esquecida em meio ao caos das manifestações que estavam em andamento na Tunísia. Por causa das redes sociais, no entanto, o acontecimento ganhou repercussão e a indignação alastrou-se pela população e pelos países vizinhos. 

Apesar das reivindicações populares serem semelhantes em vários países, não há uma liderança unificada. As manifestações são organizadas pela própria população por meio das redes sociais. Esse é um dos motivos da durabilidade da Primavera Árabe e uma das principais razões pela qual é tão complicado para os governos impedirem o movimento. 

primavera árabe iêmen

Os países da Primavera Árabe

Bastou que as reivindicações da população tunisiana fossem espalhadas pelas redes para que as revoltas nos países árabes vizinhos também tomassem forma. Acompanhe quais foram os desdobramentos da Primavera Árabe nos principais países abaixo. 

Síria

Os protestos que começaram em 2011, com a Primavera Árabe, desencadearam a atual Guerra Civil da Síria. Uma das reivindicações dos rebeldes, apoiados pela Arábia Saudita, é a deposição do ditador Bashar al-Assad, que por sua vez tem o suporte da Rússia.

Guerra civil síria consequência da primavera árabe

Para Assad, cuja família está no poder há 50 anos, o apoio russo garante armamentos ao governo e ajuda na luta contra o Estado Islâmico. A Rússia, por sua vez, faz da Síria seu ponto de influência na região. Além disso, trata-se da única base militar russa no Mediterrâneo, o que a torna uma saída estratégica para o mar.

O conflito é a causa de uma das maiores crises migratórias da história, além de ser responsável por milhares de mortes. Propostas de intervenção internacional são barradas por conta do poder de veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU.  

Egito

Uma das maiores revoltas da Primavera Árabe aconteceram no Egito, pela derrubada do ditador Hosni Mubarak. O movimento também recebeu os nomes de Revolução de Lótus, Dias de Fúria e Revolução do Nilo

No dia 11 de fevereiro de 2011, Mubarak tornou-se o segundo presidente derrubado pela Primavera Árabe diante do clamor popular. Mohamed Morsi foi eleito no ano seguinte, mas logo demonstrou tendências totalitárias e foi forçado a se retirar pelas Forças Armadas do país, em 2013. 

Atualmente, o Egito é governado por Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, ex-comandante do Exército, que já está em seu segundo mandato. A opinião sobre o presidente é controversa, e a população experimenta crise econômica e repressão política

Líbia

A Líbia estava há décadas sob o comando de Muammar al-Gaddafi, quando a Primavera Árabe chegou ao país. A revolução resultou em uma violenta guerra civil entre apoiadores e opositores do governo de Gaddafi. 

O conflito foi tão grande que os Estados Unidos autorizaram a atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia. Por fim, Gaddafi foi capturado e morto pela oposição de seu governo em outubro de 2011. 

Longe de instaurar um regime democrático, a Revolução da Líbia deixou um saldo de milhares de mortos nos seis meses de conflitos. Sem um governo central, o país foi dividido em várias facções que estão em constante atrito até hoje, para o prejuízo da população. 

Iêmen

No Iêmen, os protestos também tomaram as ruas em 2011 e foram duramente reprimidos pelo governo de Ali Abdullah Saleh. No entanto, o conflito não tomou grandes proporções por conta da intervenção da Arábia Saudita, que negociou a transição de governo para o vice de Saleh. 

Desde então, o país enfrenta constantes conflitos entre as facções étnicas e religiosas, além de ataques de organizações terroristas. A Arábia Saudita interfere ativamente nas guerras da região, sendo que o episódio mais emblemático aconteceu em 2015, com a revolta dos Hutis, minoria xiita do Iêmen. O ex-presidente Saleh faleceu pouco tempo depois, em dezembro de 2017.  

Tunísia

O presidente Zine el-Abidine Ben Ali estava no comando da Tunísia desde os anos 1980. No entanto, a revolta decorrente do suicídio de Mohammed Bouazizi foi tão grande que o forçou a sair do país, no dia 14 de janeiro de 2011. O movimento que depôs o ditador também recebeu o nome de Revolução de Jasmim

O país então passou pela transição política para um governo democrático e, em outubro do mesmo ano, foram realizadas as primeiras eleições livres da história da Tunísia. A revolução tunisiana foi um dos poucos movimentos da Primavera Árabe que obteve sucesso na transição democrática

Marrocos e Jordânia

Em Marrocos e na Jordânia, a onda de protestos da Primavera Árabe foi menor do que nos outros países. As reivindicações da população eram relacionadas à melhora da qualidade de vida e mais liberdade política, no entanto, não tinham a intenção de derrubar as monarquias vigentes. 

Para evitar o caos enfrentado pela Síria e os demais países, os governos locais responderam ao clamor popular e aplicaram reformas políticas. No Marrocos, o rei Mohammed permitiu eleições para primeiro-ministro. Já na Jordânia, a população se opôs às eleições convocadas pelo rei Abdullah II após comprovarem fraude e compra de votos. 

Apesar das mudanças implementadas, as monarquias de Marrocos e Jordânia ainda detêm extenso poder e a insatisfação da população é considerável.

Consequências da Primavera Árabe 

Os desdobramentos da Primavera Árabe foram sentidos em vários outros países, além dos que foram mencionados acima. Como efeito positivo podemos citar a reestruturação política de alguns países, como a Tunísia, e o fato de que a situação do mundo árabe ganhou a atenção internacional após os conflitos. 

No entanto, a violência desencadeada foi responsável por muitas mortes e ondas de refugiados. Além disso, vários desses países ainda lutam contra a crise econômica e as guerras civis decorrentes da Primavera Árabe. 

campo de refugiados consequência primavera árabe

Como a Primavera Árabe cai no vestibular? 

Agora que você sabe o que é a Primavera Árabe, está na hora de aplicar seu conhecimento! Nas provas dos vestibulares, o tema pode ser cobrado de diversas formas nas questões das disciplinas de Geografia e História, principalmente. Além disso, como o movimento completa 10 anos em 2021, é possível que o assunto também apareça nas propostas das Redações

Ao estudar, fique atento aos desdobramentos da Primavera Árabe e à geopolítica do Oriente Médio. 

  • Crise migratória;
  • Guerra Civil na Síria; e
  • O papel das redes sociais na Primavera Árabe, entre outros. 

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