Pantanal em Chamas: o que você precisa saber sobre a tragédia ambiental

Pantanal em Chamas: o que você precisa saber sobre a tragédia ambiental

pantanal em chamas

O Pantanal enfrenta desde janeiro deste ano, o pior episódio de queimadas das últimas duas décadas. Já foram quase 3 milhões de hectares do bioma atingidos pelas queimadas, segundo dados do PrevFogo, um braço do Ibama. Para você ter uma noção, isso equivale a mais de 10 vezes o tamanho da cidade de São Paulo e cerca de 15% de todo o Pantanal.

Por que o Pantanal é importante? Quais são as possíveis consequências dos incêndios no bioma? O Estratégia Vestibulares juntou neste artigo as principais informações que você precisa saber sobre o caso com a ajuda dos nossos professores de Geografia, Saulo Takami e Priscila Lima, e do professor de Redação, Wagner Santos.

O Pantanal

pantanal em chamas

Onde fica o Pantanal?

O Pantanal é uma intersecção entre a Floresta Amazônica, o Cerrado e a Mata Atlântica. Em outra palavras, ele influencia e é influenciado intimamente por esses três biomas. Da Amazônia vêm os “rios voadores” que formam as chuvas que regam o Pantanal e os rios da bacia hidrográfica do Alto Paraguai que alimentam a imensa planície.

O Pantanal  possui duas estações bem marcadas: a seca e a chuvosa. No verão, quando as chuvas são mais abundantes, 80% da planície costuma ficar alagada. O período chuvoso é esperado entre os meses de outubro e março, e a época seca de abril a setembro, quando o bioma passa a se assemelhar mais à vegetação de Cerrado.

Conforme explica o professor Saulo Takami do Estratégia Vestibulares, as queimadas não são incomuns na região. “No período de estiagem, o Pantanal possui características do Cerrado, assim, o fogo pode ocorrer de forma natural com o atrito dos galhos.” No entanto, nem todos as queimadas são naturais. Algumas são de origem antrópica, ou seja, causadas pelo homem.

Animais do Pantanal

A fauna do Pantanal é extremamente variada, especialmente devido ao fato do bioma ser a intersecção de vários outros. Dessa forma, animais dos biomas vizinhos costumam ser vistos em grande número na região, alguns, inclusive, em risco de extinção.

Os exemplos mais famosos da rica fauna pantaneira são a onça-pintada e a arara-azul, além da ave símbolo do Pantanal, o tuiuiú. O Parque Estadual Encontro das Águas, famoso ser uma das regiões com maior densidade de onças-pintadas do mundo e ponto turístico do Pantanal, teve mais da metade de sua área destruída pelas queimadas deste ano.

O santuário das araras-azuis na fazenda São Francisco de Perigara, considerado o maior refúgio mundial da espécie, também foi quase completamente consumido pelo fogo.

Problemas no Pantanal

Na região pantaneira, a atividade agropecuária tem expandido suas fronteiras com o uso de queimadas para limpar o solo. Existem aquelas que são autorizadas pelo governo, mas uma grande parte delas ocorre de maneira ilegal e sem o devido controle.

Não existem políticas eficientes para monitorar, fiscalizar e multar os responsáveis pelas queimadas criminosas”, explica o professor Takami. A situação é agravada pelo fato de que o Pantanal tem experimentado um aumento da estação seca.

Como explicado anteriormente, o Pantanal sofre influência de seus biomas vizinhos, então uma das hipóteses para esse agravamento são as constantes queimadas na Amazônia. Elas afetam o ciclo de “rios voadores” que alimentam a planície pantaneira com chuvas.

Os incêndios no Pantanal

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Apesar da situação das queimadas no Pantanal ter começado em janeiro, apenas no mês de setembro, foi deflagrada a Operação Matáá para investigar a possível origem criminosa das queimadas. Os danos à flora e, principalmente, à fauna podem demorar anos para serem revertidos.

Fora o dano à biodiversidade, as queimadas no Pantanal também exercem pesado impacto sobre as comunidades humanas da região pantaneira. Além de consumir propriedades, os incêndios geram uma pesada camada de fumaça que causa problemas respiratórios.

Aliada à já preocupante pandemia de COVID-19, a situação tem o potencial de sobrecarregar o sistema de saúde da região. E não é apenas na região pantaneira que os efeitos da queimada estão sendo sentidos.

“Chuva Preta”

Alguns dos impactos das Queimadas no Pantanal foram listados pelos professores do Estratégia Vestibulares. Além da redução de biodiversidade, as queimadas no Pantanal irão provocar alterações microclimáticas nos biomas vizinhos, além da fuga das espécies para outros habitat.

O impacto já pode ser sentido em outros estados. Um exemplo é a “Chuva Preta” que caiu em Santa Catarina em decorrência da fuligem das queimadas carregada pelo vento. Fora isso, os contínuos incêndios aumentam significativamente a emissão de gás carbônico, que por sua vez agrava o Aquecimento Global. 

Além da dimensão física, a questão das Queimadas no Pantanal tem grande impacto nas discussões política-ambientais que tem crescido nos últimos anos.

Política em chamas

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Para o Brasil, o caso nos trouxe para os holofotes da geopolítica mundial de forma negativa. Tanto que, na primeira quinzena de setembro, oito países europeus – Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Noruega, Países Baixos e Bélgica – enviaram uma carta aberta criticando a política ambiental brasileira.

O episódio lembra o caso do Fundo Amazônia, que aconteceu em 2019, quando países doadores ameaçaram cortar fundos diante do aumento de desmatamento da floresta.

Foi apenas na primeira quinzena de setembro, que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, reconheceram a gravidade da situação no Pantanal. Para combater o fogo, R$ 3,8 milhões foram destinados ao Mato Grosso, após a declaração de estado de emergência por 90 dias.

Enquanto isso, equipes governamentais e de voluntários batalham contra as chamas no Pantanal, na esperança de que as chuvas esperadas para outubro venham e ajudam a controlar a maior tragédia ambiental do Pantanal das últimas décadas.

O Pantanal no Vestibular

As Queimadas no Pantanal são uma tragédia ambiental de grandes dimensões. Devida à importância que o bioma tem, não é improvável que o tema seja cobrado nos próximos vestibulares. Então não deixe de prestar atenção aos assuntos, tanto naturais quanto sociais, que podem ser extraídos do caso.

Embora a chance do tema ser cobrado diretamente como tema de redação seja pequena, o estudante pode utilizar o caso para falar de questões climáticas e ambientais, além de explorar os contornos políticos e econômicos que as queimadas podem assumir no Brasil.

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